Remember Me, está em desenvolvimento sob a batuta da Capcom, mas a história de uma mulher que pode "mexer" com as memórias das pessoas teve que lutar bastante para acontecer. De acordo com o diretor Jean-Max Morris, a indústria não curtiu muito a idéia de uma mulher protagonista.
"Teve algumas (publishers) que disseram: 'Bem, nós não queremos lançar, simplesmente porque não vai vender. Você não pode ter uma protagonista mulher em jogos. Tem que ser um personagem masculino, simples'" Ele contou ao site Penny Arcade. "Nós queríamos por exemplo, dar uma passada na vida particular de Nilin (protagonista) e isso implicaria em um ponto, numa cena aonde ela estava beijando um cara, e teve gente que nos disse: 'Você não pode fazer o jogador beijar o cara, isso seria estranho'"
"Eu acho que 'se você pensa assim, não há como se amadurecer.' Então, há um certo nível de imersão que você precisa chegar para aproveitar o jogo, e isso não é como se a sua orientação sexual estivesse sendo questionada ao jogar algo. Isso seria estranho demais pra mim"
Nunca cheguei a pensar na história do beijo, mas ele tem toda a razão. Mulheres são MUITO sexualizadas em diversos jogos, mas raramente elas tem desejos (sexuais). Claro, você pode ter sua personagem peituda (Scarlet Blade, MMO da Aeria por exemplo), mas e se ela mostrasse atração corporal por alguém? Oh, o horror!
Claro, há uma certa questão de mulher/objeto no assunto.(Na visão da Indústria) Uma personagem feminina existiria para nossa própria 'satisfação',mas não sendo permitida a reciprocidade, iniciativa ou no caso, se tornar a Ativa na relação. Com exceção dos jogos aonde os jogadores criam seus personagens (Dragon Age e Mass Effect me vem à mente agora), não lembro de ter visto uma protagonista jogável mulher beijando o cara em algum jogo. O mais próximo que posso chegar, é em Indigo Prophecy e Heavy Rain, ambos da Quantic Dream, mas se eu me lembro bem, em ambos os jogos, nas cenas de sexo, os jogadores controlam o personagem masculino, "por cima" e não o feminino.
Como Morris disse, é estranho. Mais do que isso, é assustador pra mim, que tenham tão poucas protagonistas, e se alguma delas tem a "permissão" de estar em um relacionamento, isso atiçaria de certo modo, a parcela sexualmente insegura (ou homofóbica) dos jogadores. Isso quer dizer, duramente falando, que há um certo medo de deixar uma personagem não sexualizada no papel principal.
Lembro de um jogo que estava em desenvolvimento há uns anos atrás, Faith and a .45, seria um shooter cooperativo estrelando um homem e uma mulher (amantes) que viveriam um relacionamento no tipo "Bonnie & Clyde". Além de trabalharem juntos em combate, o jogo teria um sistema MUITO LEGAL de ressurreições: Se um jogador morresse, o outro poderia beijar ele (ou ela) para trazê-lo de volta ao jogo. Na época, até brinquei, dizendo que isso iria mexer com os homofóbicos, mas o sistema faria total sentido no contexto do jogo
Infelizmente, o jogo nunca chegou as prateleiras, o que não chega a ser surpreendente, conhecendo o mercado.
É claro, temos exceções. Tomb Raider é um exemplo óbvio de jogo de sucesso com uma protagonista mulher, mas se ela existe hoje é graças ao legado do passado, e imagino se o reboot da franquia fosse uma IP nova - alguns retard, fãs clamaram isso até. No início, quando Lara era jovem e Tomb Raider ainda era novo, Lara Croft era uma peituda super sexualizada (no limite que o hardware do PS1 permitia com seus peitos triangulares, hihi). E acho que a Lara de hoje em dia não existiria sem aquela Lara lá de trás.
Recentemente, vimos Elizabeth, de Bioshock Infinite relegada a contra capa do jogo, por medo de que a presença de uma mulher poderia afastar os consumidores. A Naughty Dog enfrentou situação semelhante, aonde tiveram que brigar para colocar a garota na capa de The Last of Us. Nesses casos todos, tem uma mensagem que parece que nos mandam, parece que as mulheres são úteis, MAS só quando chamadas, caso contrário, são melhores guardadas junto com as ferramentas. E sinceramente, esse é um panorama que chega a ser nojento.
Alguns podem argumentar que o sexismo não é um problema sério na indústria de jogos, mas não entendo como um ser racional pode ver esse tipo de coisa e não admitir, que mesmo maquiado, existe em abundância. Quando as publishers estão tentando erradicar mulheres protagonistas, ou escondendo as mulheres por medo de perder possível consumidor, significa que tem algo de MUITO ERRADO aí. Seja culpa da indústria ou culpa dos jogadores, é culpa de alguém e é algo que precisa ser erradicado.
E se você se incomoda de verdade com uma protagonista mulher beijando um cara em um jogo, você tem sérios problemas emocionais.
Tradução/Adaptação: Kyo
O pessoal falava a mesma coisa de FFX-2.Repudiavam o jogo só por ser só de mulheres,ser focado no humor e ter um romance como pano de fundo.Agora quando tem um careca barbudo metido a machão e briguento cometendo atrocidades e violência gratuita todo mundo (e com um certo minigame de sexo) aplaudem de pé.
Eu nunca me incomodei com personagens femininas inclusive gostaria que em mangás shounem tivessemos mais protagonistas como Medaka(Medaka Box) e Claire(Claymore)